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SOFRÊNCIA

Por : Carlos Eduardo Novaes

Chamou minha atenção a despojada confissão de um amigo do Face, residente e domiciliado no Brasil, informando que nunca ouvira falar de Marilia Mendonça. Solidarizei-me com sua ignorância. Na verdade eu sabia da existência de Marilia, cantora, mas jurava que fosse baiana. Talvez pela musicalidade da Boa Terra, sempre jogando no mercado novas safras de músicos e cantores. Desconhecia, porem a dimensão da sua popularidade, como desconhecia também seu gênero musical. Acreditaria em quem me dissesse que Marilia cantava tango!!!

Marilia era a Rainha da Sofrencia e eu sequer sabia da existência de tal palavra. Corri ao Google – como convém a um escritor – e descobri que “sofrência” é um termo recém chegado ao vocabulário popular que significa uma combinação de carência com sofrimento. Vejo-me emparedado por uma ignorância do tamanho do sucesso de Marilia, sentindo-me um animal pré-histórico circulando pelos subterrâneos da modernidade.

Consola-me o fato de que na minha mocidade – que já vai longe – quando vivia antenado com o movimento musical, o gênero sertanejo fosse tão popular quanto a opera, no país. Sendo eu um bípede urbano, sem interesse nas coisas do sertão, não percebi essa onda gigantesca crescendo sob meus pés, deixando-me exposto a vergonha de desconhecer a maior cantora brasileira dos últimos anos. Perdoe-me Marilia. R.I.P.

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