QUEM PRECISA DE JANELAS?
Coluna: SEGUIMENTOS - por: Antonio Trotta - Jornalista, Escritor e Poeta - 26 de março de 2025

Ao abrir uma janela, dá-se de frente para o mundo. Mas nem sempre foi assim!
Quando habitávamos em cavernas, apenas as entradas eram necessárias. Por elas, e somente por elas, descobríamos o mundo; entrávamos e saíamos na busca da sobrevivência. A convivência acontecia, ou não, através da única abertura do lugar que existia para proteger e abrigar.
Então, para que servem as janelas? Para deixar que, por ela, entrem a luz e o ar. Uma definição muito pouca abrangente. Uma explicação um tanto convencional; talvez, para satisfazer os profissionais da construção civil. Afinal, as janelas são, também, busca de sobrevivência. Por ela, entram a luz e o ar, mas, também, as cores, os cheiros, a paisagem, os prédios vizinhos, as montanhas de perto e as de longe. Pelas janelas entram pássaros e conversas. Fuxico, arremedos e espiadelas. Entra poluição, bala perdida e ladrão. Pelas janelas, entra o mundo.
Ao abrir uma janela, permite-se uma abertura para a vida – dá-se à luz o novo. Mas, ao abrir uma janela, a vida que está do lado de dentro também interage com o mundo. Janelas abertas possibilitam que a claridade penetre e mude os ares e as ideias. Ao olhar de uma janela, muitas coisas são vistas. Observa-se, por demais, o quanto o mundo é grande e o quanto a vista não alcança o que está do outro lado, da serra, do mar e do olhar. Quem vê através de uma janela, além de enxergar o mundo, olha para si mesmo. Pelas janelas saí um mundo imaginário.
Ao abrir uma janela, o mundo acontece. Mas nem sempre foi assim!
Ao habitarmos as cavernas, desenhávamos o mundo real em suas paredes; aquilo que víamos, quando estávamos fora do abrigo, longe da proteção, enfrentando o mundo. Transferíamos para os espaços, no interior das cavernas, o que nossos olhos encontravam e necessitavam e nossa memória e imaginação permitiam.
Mais tarde, ao dominarmos as técnicas da pintura e da arquitetura, criamo-nos quadros nas paredes das igrejas, palácios e casas, que pareciam paisagens simulando janelas. Apesar de se ver a arte, a belíssima ilustração, não havia abertura nas paredes e por elas não entravam luz nem ar, mas, apenas, o princípio da necessidade.
A teimosia humana avançava em suas aspirações. Não bastava ver a natureza morta sobreposta nas paredes. Era necessário abrir espaço para senti-la balançar, modificar-se no tempo e com as intempéries. Era vital respirá-las profundamente e trazer, para si e para o mundo, verdadeiras aberturas que expandissem as almas e os horizontes. Pelas janelas, entram e saem sonhos e desafios.
Ao abrir uma janela, o mundo descobre o mundo. Mas nem sempre foi assim!
Ao sairmos das cavernas, carregávamos rudes instrumentos, a arte do fogo, relações de forças, aprendizados, crenças e medos. Acreditávamos poder conseguir proteção e abrigo através de outras formas, maneiras e relações. Criamos, inventamos, lutamos, matamos e morremos para permanecermos na corrida pela sobrevivência, no início; pela vida, até o século XXI; e pela qualidade de vida, em nossos dias. Ao sairmos pela única abertura que havia na caverna, experimentamos o mundo. Descobrimos, na verdade, tantos outros mundos – microscópicos, atômicos, cósmicos e virtuais. Ao sairmos das cavernas possibilitamos, a nós mesmos, as condições e as consequências de criarmos o nosso próprio mundo.
As janelas, sem sombra de dúvidas, nos permitiram olhar mais adiante. Devemos abri-las sempre e respirar profundamente, acreditando que podemos ir mais além. Se prestarmos bastante atenção e abrirmos bem as janelas, os olhos serão capazes de enxergar a alma humana. Pelas janelas, a gente se vê.
Antonio Trotta – Jornalista, escritor e poeta
Abrir portas, janelas,e portões da mente,e assim enxergar o novo com os olhos do questionamento!
Parabéns Trotta!
Grato. Realmente, sai da caixa.
Abre a janela e deixa a luz do sol entrar.
Gostoso se deliciar com o texto do jornalista e escritor Trotta!
Nos fez refletir e abrir as nossas janelas tanto espiritual quanto material.
Parabéns!
Pois é precisamos abrir mais que os olhos.
Sim. Respirar novos ares. A vida nos aguarda.
Ótima Reflexão!! Pela janela descobrimos coisas boas e ruins mas sempre em conexão com os acontecimentos ao nosso redor. Parabéns pelo texto!!
Tocante e reflexivo! Lembrei -me das janelas da Alma que muitas vezes não vemos, porque estamos na caverna de nós mesmos, e não conseguimos ver a luz que entra pela porta, e por isso não abrimos janelas imaginárias. Se a janela da mente estiver fechada não enxergamos as portas do coração. Essa foi a reflexão que colhi da sua belíssima mensagem, querido amigo Trotta! Gratidão Vitalícia por nos inspirar a refletir! Vamos escancarar as janelas!
Sim. Encarar. Recuperar as forças e viver a vida.
saudade de ver a serra pela janelona lá de casa!
Então feche os olhos e deixa a imaginação ganhar vida.
Espetacular e reflexivo!
Grato. Olhos da alma.
Sim, janela é esperança.
Muitas vezes com a porta que se fecha, nos desesperamos, e esquecemos que, abrindo a janela, será possível ver outra saída, uma luz, algo que demonstre que o caminho não era aquele da saída que se fechou, e sim, aquele que a janela nos forneceu,
Linda reflexão.
Parabéns!
Pura verdade. Temos sempre uma saída. Temos sempre uma escolha. Grato.
As primeiras janelas que abrimos para o mundo e para nós mesmos, são os nossos olhos.
Ligeiramente e com intuito de enxergar o novo nos atrevemos a nossa primeira contemplação, que na maioria das vezes, não é de uma paisagem, mas da face emocionada de uma mãe.
A nossa primeira e mais significativa descoberta !
Parabéns Trotta!
Um texto para muitas reflexões!
Abraço
Grato. Um olhar de mãe nos faz enxergar além.
Psiu! Daqui vejo janelas
estão sentinelas
enquanto escrevo sobre elas
É isso aí meu poeta de Hiki. Deixando o ar entrar. Novos ares.
Maestro
vamos cantalorar : “Da janela lateral do quarto de dormir…”
Podemos sonhar e realizar muito.
há um encantamento no texto do Trotta, que só mesmo o Trotta conseguiria nos proporcionar. Parabéns meu amigo
Grato pelas generosas palavras. Aguardo o seu texto sobre Portas. Valeu.
“Não culpe a janela pela paisagem”. Este seu texto me fez lembrar de um , digamos, chamado de atenção,pois, janelas foram criadas para serem abertas, como um abraço para as surpresas do lado de fora.
Os olhos são janelas que suprem a alma de reações do belo, do feio, do estranho, do inesperado, enfim, modos ser e ver a existência.
Excelente texto! Sempre a inspiração!
As janelas nos proporcionam mudanças. Novos ares e novas paisagens. Como vc disse, são como os abraços. Gratidão.
Janelas abertas são portais para o mundo que pulsa lá fora…eu me conecto com o mundo e escolho o que guardar e o que deixar passar…
Texto topado
Sim. Pulsa e muito. Abrir as janelas é viver. Ir ao encontro de si. Grato.
Janela aberta entra luz!
Luz é energia!!
Sim. Energia e força para transformar. Movimento e mudanças. Grato.