Ao ver esses dias a reportagem de pessoas disputando restos de comida em um caminhão de lixo, me senti totalmente sem chão. Quem tem o mínimo de decência e compaixão cristã, não pode se tornar avesso a tal situação. Uma desgraça chamada pobreza corrói sonhos e destrói vidas.
Não quero parecer pessimista, mas permita-me ser pelo menos realista. Estamos vivendo o “dia mal”; as semanas correm mais difíceis; tudo está complicadíssimo.
O buraco que engole o nosso país parece não ter fundo.
Um vulcão, que vai incinerar o restinho da nossa frágil democracia, dá mostras de estar na iminência de entrar em erupção.
Nesse cenário que me lembra o famoso livro Inferno, de Dante Alighieri, falta gente que:
não se vende por lentilhas,
empenha a palavra com honra,
não coloca o prestígio acima do caráter,
expressa convicções com o tempero da ternura,
não se dobra a ninguém pelo brilho do poder,
corre o risco da solidão em nome do livre pensar,
não perde a individualidade com medo da pressão do grupo,
sabe discernir entre moralismo e ética,
consegue traduzir amizade em parceria,
não acredita que a perversidade seja o caminho do sucesso.
Sei que é impossível uma só pessoa capaz de possuir tantas virtudes. Portanto, devemos vivenciá-las em comunidade. Sejamos como os cacos de um caleidoscópio que se juntam para criar beleza.
Estabeleçamos a democracia da bondade e esperança e assim ergueremos um mundo em que o verdadeiro amor ao promoverá a busca da justiça para termos paz.
Proclamemos que é possível fazer valer a afirmação de Jesus: “Bem-aventurados os mansos porque eles herdarão a terra”.
