Cultura e Lazer

ESPECIAL – A SÉRIE QUE VI – “Modern Love” – parte 2

Há o relato de todo tipo de amor. Ou, se não o amor, talvez uma chance para ele. Ao longo do episódio 5, “No hospital, um interlúdio de clareza”, assiste-se o desdobramento de um primeiro encontro acidentado. À medida que a noite avança, Yasmine e Rob se revelam em suas imperfeições, fraquezas e equívocos, enquanto estabelecem ao longo da noite uma indulgente cumplicidade. O que esperar dali? Tudo, inclusive nada.

Em “Les uns et les autres”, de 1981, Claude Lellouch nos dizia que na vida existem apenas duas ou três histórias, que se repetem em diferentes imagens. “Quando Cupido é uma jornalista curiosa”, episódio 2 de Modern Love, nos apresenta duas histórias que, à parte os diferentes desfechos, podem ser descritas como investimentos perdidos. Ao final de uma entrevista sobre seu bem sucedido site de relacionamentos, Joshua é surpreendido pela pergunta da jornalista: – E você, já se apaixonou? Tem início, então, o relato de seu envolvimento com Emma, ao que parece, sua única chance de um amor verdadeiro, interrompido bruscamente por um ato vindo dela. Mas, a provocação ganha o sentido inverso, dando margem a que a jornalista, Julie, relate sua história com Michael, também um amor interrompido.

Nos dois relacionamentos, nada parece original; mas, voltando a Lellouch, haveria histórias verdadeiramente originais? Ou a unicidade seria apenas uma impressão de quem as experimenta? O que uns viveram de uma forma, certamente outros o viveram de outra, e o que prende pessoas a certos relatos, ainda que pouco originais, pode ser a chance de rever na vida alheia o rearranjo de experiências próprias (ou, como no caso, a performance de excelentes atores).

No episódio sete, “Um mundo só para ela”, vamos encarar o quanto de amor é necessário para sustentar a decisão de se trazer para o cotidiano um ser absolutamente anárquico! A grávida sem teto e errante que invade (apesar de convidada) a vida do casal gay disposto a adotar uma criança, traz a analogia perfeita à chegada de um filho: alguém que toma sua vida, alterando desde sua rotina até o layout da casa; alguém que perturba seu sono, expõe você a presenças dispensáveis… e junto a quem nada disso diminui a força do elo de ternura que se cria.

(Eder Schmidt) 
@drederschmidtpsiq

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Artigos relacionados

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo