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COMO CONSEGUIR A ESPERANÇA DEFINITIVA

No último texto de minha autoria publicado aqui no Tribuna Sul de Minas sob o título de “Podemos Fazer Algo Sobre a Falta de Oportunidade de Empregos em Caxambu”, enumerei algumas das ações e pensamentos que poderíamos ter para melhorar o problema da falta de empregos em Caxambu no futuro. Ocorre que, alguns dos meus amigos pessoais, ao lerem tal publicação disseram coisas do tipo “você está projetando o futuro, mas desconsiderou que o mundo está acabando. Olhe as notícias!”. Confesso que me surpreendi tanto com o número de opiniões parecidas com essa que, em um primeiro momento, cheguei até mesmo a concordar com a ideia de que o mundo está terminando.

Por sorte, tais opiniões não saíram da minha mente. O que me possibilitou refletir melhor sobre o assunto, e me fez vir à mente uma sábia observação do meu avô, conhecido em Caxambu como Sr. João do salgado que, no auge dos seus oitenta e poucos anos, me disse certa vez: “Só tem desgraça na televisão, não existe nada de bom neste mundo?”. Ocorre que, tais palavras me fizeram entender porque muitas pessoas têm a impressão de estar vivendo no apocalipse. Como muito bem colocou meu avô, somos constantemente bombardeados de notícias ruins vindas da maior parte dos veículos de comunicação. Fato este que aumentou e muito diante da pandemia que vivemos.

Moral da história, graças ao meu querido avô, eu comecei a teorizar o seguinte: “Possivelmente temos uma visão limitada sobre o que vivemos agora; muitas vezes, esquecemos de observar os fatos históricos e até mesmo algo mais importante antes de firmarmos nossas opiniões acerca do futuro. Talvez por isso estejamos tão sem esperanças”.

Vejamos, ao longo de sua existência, a humanidade passou por muitas ocasiões nas quais sua própria preservação estava em jogo. Como exemplo, a peste negra (1346 – 1353), quando os métodos de pesquisas eram limitadíssimos; ou quando após a primeira guerra mundial (1914 – 1918), as pessoas ainda se recuperavam de um conflito sem precedentes até então e, o mundo teve que enfrentar uma pandemia mundial de gripe espanhola que infectou quase um quarto da população mundial da época (1918 e 1919).  Estima-se que o número de mortes possa ter superado os 50 milhões. Naquele período, ainda não havia antibióticos à disposição da humanidade – a penicilina foi descoberta somente no ano de 1928, o que colaborou para o aumento de vítimas fatais.

Possivelmente, após ter lido o parágrafo anterior, você, sem nem mesmo perceber, comparou o passado com a situação pandêmica que vivemos. Esta comparação, muitas vezes involuntária, pode ter trazido certo alívio ao caro leitor, que de certa forma pensou: “Nossa, poderia ser pior” (verdade, poderia mesmo). Em termos técnicos, diríamos que você, ao fazer isso, involuntariamente se utilizou do que chamamos, em ciências sociais, de método histórico comparativo que, para Émile Durkheim (1893), para muitos “o pai da sociologia”, trata-se “de um modo de demonstrar que entre dois fatos existe uma relação lógica, uma relação de causalidade..”

Eu fico genuinamente feliz pelo leitor que tenha conseguido sentir algum alívio ao comparar o passado com o presente, mas estaria mentindo caso dissesse que acredito que meros fragmentos do passado são o suficiente para despertar a esperança definitiva em nossas mentes. Pode ser que o método histórico comparativo não seja tão efetivo quando o que se almeja é conseguir a esperança permanente. Justamente porque o mesmo não tenha sido planejado para isso, mas sim para alcançar o objetivo das ciências sociais. Ou seja, “estudar a sociedade e o espaço em que o homem habita”. Além do mais, até se as circunstancias forem idênticas às do passado, nada nos garante que tudo ocorrerá da mesma forma que antes.

Mas, diante disso, alguns devem estar se perguntando onde então podemos encontrar essa tal de “esperança permanente” em momentos de crise? Ora, a resposta para tal questão é um tanto quanto pessoal. Contudo, se o (a) amigo (a) permitir, eu diria que, para mim, esta esperança é obtida através da crença no Criador. Como nos ensina As Sagradas Escrituras: “Pois tu és a minha esperança, Senhor Deus; tu és a minha confiança desde a minha mocidade” (Salmos 71:5). De forma mais direita e pessoal ainda, diria que a fé é a única forma que temos de conseguir a esperança.

Infelizmente, o caminho da fé, na maioria das vezes é o mais árduo a se seguir. Consequentemente, o ceticismo, a desilusão e a desesperança são muito mais atrativas para nós humanos. Isso, muito em razão de que, antes de termos esperança, precisamos pensar de forma mais positiva e, para conseguirmos atingir esse objetivo, muitas das vezes temos que travar uma verdadeira guerra em nossas mentes, observar o mundo mais a fundo ou fazer outras coisas que exigem certa proatividade de nossa parte. Parece muito trabalhoso, não?

Em contrapartida, para sermos negativos é muito mais fácil. Não temos que fazer quase nada além de interpretar notícias horríveis que nos chegam, é muito mais cômodo. E a comodidade faz parte de nossa natureza. Quem sabe, não seja por conta dessa característica que somos tão suscetíveis a crer no fim dos tempos? Ou você não acha estranho o fato de que, as supostas datas para a extinção de nossa espécie sempre sejam muito populares? quantas datas limites já passamos? Basta pensar em 2001, 2011, 2012 e infinitas outras. Tudo isso me leva a crer que 2020 tem tudo pra ficar lembrado como mais uma data apocalíptica, assim como as demais, com uma única diferença: algo marcante realmente aconteceu.

Enfim, quanto à situação que estamos vivendo, se me perguntassem qual argumento me fez acreditar em dias melhores, eu responderia que a razão da minha convicção não fora  encontrada na história ou nas ciências sociais, mas sim,  na fé de que o Nosso Pai Celestial não reservou nada para nós, senão a felicidade plena. Uma vez que Ele mesmo nos assegurou isso em Jeremias 29:11: “Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, ‘diz o senhor, planos de fazê-los prosperar e não de causar dano, planos de dar a vocês esperança e um futuro”.

Tenho que destacar que, foi mais fácil do que pensei, conseguir acreditar tão fielmente que haverá sim um futuro. Bastou fazer como Louis Armstrong e ver “o céu azul; e nuvens brancas; o abençoado dia claro; a sagrada noite escura” e pensar “comigo mesmo; que mundo maravilhoso” – What a Wonderful world.

Matheus Alcântara – Bacharel em Direito

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