ACADEMIA CAXAMBUENSE DE LETRAS

A coluna de hoje é com: Esther Lúcio BitencourtPedrices

Ontem o dia foi duro, muitos assuntos a resolver. No fim da tarde sentei com Pedro na Galeria Pasárgada, pedi um café e ele disse que iria embora.

Por que? Sei lá! Hoje estou um minuto atrasado. Como assim? Estamos frente um ao outro e o horário é o mesmo com mínima variação do um metro que nos separa.

Não sei explicar, mas estou um minuto atrasado. Desde que acordei. Acordou tarde? Não. Até que foi bem cedo mas com esta sensação de estar um minuto atrasado. Se movo o braço ele o faz com atraso. Se falo, a voz é emitida um minuto depois que provoquei o som. É uma sensação.

Entendi. Você está mais lento! Não, não é nada disto. Estou só um minuto atrasado. Vou para casa.
Você está com delay Pedro.

Vou para casa, estou um minuto atrasado.
Abrirá amanhã?

Não sei. Preciso encontrar em mim meu fuso horário. Te ligo para avisar amanhã.

Peraí: vou andar um minuto para trás quem sabe acerta seu fuso horário? Andei um minuto para trás .
Retornei enquanto Pedro arrumava a galeria para fechar. E aí? Seu tempo está igual ao meu? Não. Continuo um minuto atrasado. Vou para casa. Estou um minuto atrasado.

Ok, coelho da Alice.

Academia Caxambuense de Letras – fevereiro de 2022