
A coluna de hoje é com: Guiomar Paiva.
Morada das Palavras
Achei morada de palavras
em meu corpo:
A razão mora no cérebro.
O vento, nos pulmões.
A consciência, na mente.
A emoção, na voz.
As lembranças, no olfato.
A liberdade, na alma.
A vaidade, nos cabelos.
A intromissão, no nariz.
A intenção, no coração.
A dor, no peito.
A fé, no espírito.
Filhos, no útero.
A paixão, nas veias.
A bondade, nos gestos.
O desejo, no corpo
O prazer, na língua.
O encantamento, nos olhos.
A raiva, no fígado.
A mágoa, no estômago.
A vontade, nos músculos.
A música, nos ouvidos.
O deserto, nos ossos.
O oásis, nos rins.
O aplauso, nas mãos.
A inveja, nos cotovelos.
A direção, nos pés
A calúnia, nos intestinos.
A perda, nas entranhas.
Deus, em cada célula!
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Amadurecer
Amadurecer o fruto
para que seja sobrevivência, o alimento.
Amadurecer o feto
para que a palavra se cumpra.
Amadurecer a ideia
para que se aprimore a criação.
Amadurecer as decisões
para que as atitudes sejam coerentes.
Amadurecer o sofrimento
para que a alma cresça.
Amadurecer o gesto
para se sentir a harmonia.
Amadurecer a sensibilidade
para se estar em sintonia.
Amadurecer a solidão
para que se escute o silêncio.
Amadurecer o silêncio
para que se transforme em oração.
Amadurecer a carência
para que, em Deus, você se baste.
Amadurecer você
para que o outro se descubra.
Amadurecer o perdão
para que a mágoa seja ofertório.
Academia Caxambuense de Letras – fevereiro de 2022