ACADEMIA CAXAMBUENSE DE LETRAS
A coluna de hoje é com: Gustavo Uchoas Guimarães. Professor, historiador, pesquisador e escritor.
Membro correspondente da Academia Caxambuense de Letras, pertence ao CODEPAC ( Conselho Deliberativo de Patrimônio Cultural de Varginha), da APESUL (Associação de Poetas e Escritores do Sul de Minas), do IHGSM ( Instituto Histórico e Geográfico Sul-Mineiro), do Grupo Prosa e Verso. Graduado em História, 2 pós -graduações e, atualmente, mestrando em Ciência da Educação (CIA/UNS DEZ ASsunção / Paraguai
Envolvido em ações culturais e ambientais, defensor do Rio Verde e da Educação de qualidade e do acesso democrático a Cultura.
Autor de três livros: Hitoria da Cultura indígena na Mantiqueira e Vale do Rio Verde(2019),
Intimidade com a História (2020; formato digital) História da Virgínia e Pouso Alto no século XX(2021; será lançado em maio)
RIO VERDE VIVO! RIO VERDE PEDE SOCORRO!
Gustavo Uchôas Guimarães
A bacia do rio Verde abrange 31 municípios da região sul de Minas, desde a Serra da Mantiqueira (com a nascente do rio, em Itanhandu) até as proximidades do lago de Furnas (onde o rio Verde se encontra com o Sapucaí, na localidade do Pontalete, em Três Pontas). São vários afluentes que alimentam as águas do Verde, como os rios Caetê (ou dos Santos), Capivari, Passa Quatro, entre outros. Toda esta riqueza hidrográfica atende centenas de milhares de pessoas e vem acompanhada de uma igual riqueza de vegetação e seres vivos! Porém, tudo isto pede socorro!
O rio Verde é constantemente agredido por ações humanas: despejo de esgoto e de lixo, falta ou insuficiência no tratamento da água e do esgoto, ação de dragas em suas margens, entre outras ações que matam o rio. Tudo isto diante dos olhos da população, que também é responsável, junto com empresários e agentes públicos, pelo descaso com águas especiais, sagradas, que deveriam exalar somente vida! Por outro lado, iniciativas vêm se avolumando em defesa do rio Verde, lutando contra a degradação. Grupos da sociedade civil têm se mobilizado e, aqui, darei destaque à luta de um ambientalista que, desde 2014, estabeleceu a defesa do rio Verde como seu propósito de vida.
Ronipeterson Landim Costa, nascido em Bom Jardim de Minas e morando, desde a década de 2000, na zona rural de Varginha, é uma voz do rio Verde que pede socorro! No início, atuava sozinho, quase sem recursos, para chamar a atenção da sociedade sul-mineira a respeito da degradação do rio. Sua luta ganhou visibilidade e, hoje, mesmo que ainda não disponha de todos os recursos necessários a seu empreendimento em favor do Verde, conseguiu colocar as mazelas do rio de forma ainda mais explícita nos meios de comunicação regionais e na internet, mostrando o que muita gente não gostaria de ver ou finge que não vê!
Uma das iniciativas de Ronipeterson é a Expedição Rio Verde, onde ele percorre, com seu caiaque, toda a extensão do rio, coletando lixo, encontrando-se com autoridades, mostrando a situação do rio à imprensa e à sociedade, denunciando empresas e autoridades que degradam o rio. Em 2021, de 24 de abril a 10 de maio, ocorreu a 5ª Expedição Rio Verde e Ronipeterson não para por aí, tendo disposição para seguir em seu propósito: salvar o rio Verde!
Desde 2019, acompanho a luta de Ronipeterson e tenho me envolvido em algumas ações em prol do rio, tendo, hoje, a certeza de que defender o rio Verde deve ser uma militância de todo cidadão, independentemente de seu posicionamento político e partidário, pois o rio é vida e a vida está acima das ideias político-partidárias! Ronipeterson e eu escrevemos, em 2020, um projeto de lei que propõe o dia 02 de outubro como Dia Municipal do Rio Verde, com ações que devem ser realizadas, em cada município, pelas secretarias de Educação, Cultura, Turismo e Meio Ambiente. O dia 02 de outubro foi escolhido por ser a data de fundação de Campanha, a primeira cidade da bacia do rio Verde (e do sul de Minas), que, na década de 1740, se chamava Vila de Santo Antônio do Vale da Piedade da Campanha do Rio Verde. De 2020 para cá, o projeto de lei foi aprovado em Varginha, Elói Mendes, Pouso Alto e Passa Quatro, além de ter sido encaminhado para Itamonte e São Sebastião do Rio Verde.
Além das expedições e do projeto de lei, Ronipeterson também tem atuado junto a imprensa regional na divulgação da defesa do rio Verde, tem feito palestras em várias escolas (mesmo sob o regime de ensino online, imposto pela pandemia) e tem recebido apoio de políticos da região que abraçaram a causa do rio e se esforçam para que o poder público cumpra seu papel pela preservação e boa utilização das nossas águas.
O rio Verde pede socorro! O rio Verde grita! O rio Verde clama! E que as ações em sua defesa não sejam apenas da parte do Ronipeterson ou de poucas pessoas e grupos, mas sejam da parte de todos! Só assim, a esperança e a ação farão com que tenhamos um rio Verde limpo, um rio Verde preservado, um rio Verde vivo!
De Gustavo Uchoas
Academia Caxambuense de Letras
Maio de 2021.