A coluna de hoje é com: Claudia Lundgren
**************************************************
Ser primavera
Mesmo em meio ás sombras, quero eu ser primavera;
ventos fortes não me inibem, eu anelo ser calor.
Seria isso possível, ou se trata de quimera,
nesse mundo pandêmico eu desejar ser flor?
Quero brotar em meio aos paralelos,
colorir o meu cinzento entorno.
Ser sal, saborizar o prato insípido;
Sol ser, aquecer o que está morno.
Almejo ser botão, jovem em um corpo cansado;
um buquê de rosas chá a enfeitar o triste lar
Brisa suave à tarde, atenuar fardos pesados.
Quisera tudo isso eu poder concretizar!
Quantas vezes nesta vida, eu desejei ser primavera
e com um balde de água fria, fui inverno rigoroso.
Em ermos ambientea, tentei ser brilhante vela;
apagaram-me, porém, com um sopro impetuoso.
As tentativas frustadas não vão me barrar;
vou novamente intentar florescer.
Ser chuva fina, o campo molhar,
para a folha seca, da água, beber.
Academia Caxambuense de Letras – setembro de 2021