CRÔNICA – 11 DE SETEMBRO – AINDA ESTAMOS EM RISCO

Saí de casa no Vale das Colinas e fui na Padaria Santa Clara comprar pão. Olhava a tv distraída enquanto aguardava ser atendida. De repente um avião entra por uma das torres gêmeas . A padaria inteira fica estática, a respiração presa. Que game é este, pensei. De repente outro. Na outra torre. As explosões. Parece que todos descongelaram na padaria e começaram os por ques, como, por que, é real , meu deus, minha família! E estávamos em Caxambu!

Fui comprar um mini- pão e vi uma tragédia imensa. Depois outro e mais outro. Quatro ao todo, cada um em um ponto. Corri para casa e telefonei para a família no Rio, em Niterói.
Na verdade fomos todos atingidos. Era lá longe, do outro lado do mundo, mas parecia que acontecera em todo o mundo e que todos estávamos em risco.

Ainda estamos. Há vinte anos fui comprar pão na padaria para.o café da manhã e presenciei o fim do mundo. E ainda dói. Não perdi nenhuma pessoa consanguínea mas todos temos irmãos mortos ali. Uma.parte de nossa humanidade se foi.
Hoje, no Brasil, índia, Hungria, ditadores colocam em risco maior, novamente, o planeta. Oremos.

Esther Lúcio Bittencourt – jornalista e escritora 

Foto: Stock Free