Cultura e Lazer

ESPECIAL – A SÉRIE QUE VI

Big Little Lies - Parte 2

Pelas janelas de Big Little Lies.

A poderosa Renata luta contra o fato de não ter poderes para proteger a filha dos movimentos do mundo, enquanto se ressente de uma sexualidade rotineira e mecânica que o sucesso profissional não oculta.

Jane esconde do filho que ele é fruto de um estupro, alimentando a ideia de matar seu agressor. A violência sofrida abre espaço para o gesto violento e., talvez, para evitar a comparação de violências, ela acabaria negando a si mesma, ao longo de sete anos, a possibilidade de elaboração do fato traumático.

Madeline não ama Ed, o segundo marido, e mantém uma relação difícil com Abigail, filha do casamento com Nathan, que, é próxima de Bonnie, a jovem professora de ioga, atual esposa de seu pai. Por tudo isso, Madeline experimenta uma clara inveja do que supõe ser o casal Nathan/Bonnie, perceptível o bastante para alimentar a rivalidade entre Ed e Nathan. Para piorar, Abigail vai morar com o pai. Em uma cena, Madeline grita em catarse: “Eu quero mais do que isso”. No entanto, o que vê como saída é o empenho na produção de uma peça de teatro, além de um relacionamento extraconjugal que lhe traz mais conflitos do que satisfações.

Assim como ela, Celeste se ressente pelo abandono da advocacia, principalmente após uma atuação efêmera, liberando a peça produzida por Madeline. O abandono da profissão é uma imposição de Perry, que a quer restrita à casa, mas esse não é seu maior problema. Seu casamento é sustentado por uma troca de tipo sádico/masoquista que começa a extrapolar sua escolha e se transformar no perigoso cenário de uma violência não mais consentida. Com a intervenção de sua terapeuta ela entra em conflito com o marido e consigo mesma para mudar sua condição.

Pode-se dizer que todos têm algo a esconder dos outros, ou – diriam os psicanalistas – de si mesmos. Mas, o fato é que ninguém está obrigado a abrir frestas para o seu interior. Quando todos os outros nos faltam, nosso íntimo é nosso último refúgio, potencialmente inviolável. Mas, é preciso que o visitemos de tempos em tempos para confrontá-lo com nossos cenários, entendendo que a coerência de um em relação ao outro torna menos difícil a difícil condução da vida.

@drederschmidtpsiq

 

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