ESPECIAL – A SÉRIE QUE VI – Fauda

Fauda em árabe significa caos. É também um código das forças especiais israelenses que define o fracasso de uma missão. Seus personagens centrais são integrantes de uma Mista’aravim, um tipo de unidade secreta do exército de Israel cujos integrantes se disfarçam como civis palestinos para ações de contraterrorismo. O protagonista Doron Kabilio é interpretado por Lior Raz, também roteirista da trama. A série israelense trazida pela Netflix está em sua 3ª temporada, e no primeiro episódio Doron, já afastado da unidade, é convocado para o retorno às operações.
Assistir uma série de ação nos leva, automaticamente, a elegermos ali os bons e os maus, deixando que nossa torcida nos dirija o olhar. Cavalaria contra índios, aliados contra alemães, OTAN contra Europa Oriental. Em Fauda, na 1ª temporada, nos parece que não será assim tão fácil escolher um lado. Não só pelas distorções em nosso juízo facilitadas em parte pela imagem que construímos através da mídia, e em parte pela enorme distância cultural entre nós e a trama, o que nos impede de alcançar plenamente motivações históricas religiosas e políticas. Para dificultar ainda a definição do bem e do mal, Fauda, além da ação, se desenvolve através das histórias pessoais dos personagens envolvidos nos dois lados do conflito. Alheia a Hollywood, ela não propõe o maniqueísmo habitual, não mostra pneus cantando em perseguições e não traz ao final o duelo de morte entre os líderes de cada lado.
Abu Ahmad (Abu é um termo que designa o pai de uma família ou o seu primogênito), o Panther, que Doron julgava ter eliminado há um ano e meio, está vivo e atuante. Cabe a Doron e sua unidade exterminá-lo em definitivo.
Negando o repetido binômio “frio e calculista”, Abu Ahmad é calculista, como deve ser um comandante, mas está longe de ser frio. O personagem, embora a serviço de uma facção política, é religioso e idealista, amoroso para com a família e seguidores, movido por uma causa que transcende sua pessoa. Já os “mocinhos” são capazes de invadir casas, matar inocentes, ameaçar, seduzir, enganar…
Mas, esse arranjo começa a mudar, já na 2ª temporada. Vamos falar disso.

(Eder Schmidt) 
@drederschmidtpsiq