PODEMOS FAZER ALGO SOBRE A FALTA DE OPORTUNIDADE DE EMPREGOS EM CAXAMBU!
É fato público e notório que os cidadãos caxambuenses estão insatisfeitos com a falta de oportunidades de emprego na cidade e que, há tempos, têm cobrado soluções de tal problema do poder público municipal. O próprio prefeito de Caxambu, Diogo Curi, ao conceder entrevista ao programa Studio News da TV TAS, admitiu, ao fazer um breve balanço de seu governo que, apesar de ter adotado diversas políticas visando a geração de empregos na cidade não conseguiu atingir o resultado esperado. Afinal de contas, segundo informações concedidas pelo próprio Secretário de Governo da cidade, no ano de 2019, aconteceram 1022 admissões e 964 desligamentos. Ou seja, Caxambu gerou apenas 58 novas vagas de empregos no último ano.
Diante de tudo isso, muitos cidadãos, de maneira completamente compreensível, passaram a buscar um possível culpado pela situação, bem como a debater possíveis soluções para a mesma, principalmente via redes sociais. Assim sendo, apesar de correr o risco de equivocar-me, tomei a liberdade de expor algumas questões acerca da temática que por ventura podem ser úteis para enriquecer os referidos debates. Acompanhe abaixo:
Existe um programa chamado de “Guia do Candidato Empreendedor”, desenvolvido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) que fora elaborado para as últimas eleições municipais (2016). Resumidamente, o referido guia é uma agenda de compromissos para geração de emprego e renda, onde constam dez passos e cem ações de políticas púbicas que os candidatos poderiam se apoiar para viabilizarem a geração de empregos nos seus municípios. Como exemplo de algumas destas cem ações contidas do material estão a construção de um plano de desenvolvimento econômico municipal e a expansão das políticas voltadas para o microempreendedor individual.
Sendo inevitáveis, as comparações do conteúdo do material do SEBRAE com algumas políticas adotadas pela administração pública de Caxambu, restou-me a impossibilidade de não chegar à conclusão de que os atuais gestores municipais tenham inspirado suas políticas econômicas nas ideias de desenvolvimento regional contidas na cartilha em questão. A principal razão de meu entendimento foi o fato de que, a Prefeitura, de forma muito parecida com algumas das sugestões contidas no guia, elaborara o Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico (PDA), bem como adotara medidas visando facilitar o crescimento dos microempreendedores da cidade – Leia-se a implantação do programa de capacitação e regulamentação dos charreteiros e pela instalação da sala do empreendedor em parceria com o próprio SEBRAE -Entretanto, dado os números, pode-se dizer que, infelizmente, apesar de tais medidas terem sido semeadas, acabaram não rendendo frutos para Caxambu.
Neste mesmo triste sentido, destaca-se que tal realidade não é exclusiva de nossa cidade, tendo em vista que a falta de vagas de emprego, há tempos tem sido um problema social no nosso país. Não bastasse isso, a pandemia de covid-19 causou uma grave crise econômica mundial que não tem previsão de término. Soma-se ainda o fato de que se deve levar em conta que, mesmo antes da pandemia, nosso país mal tinha se recuperado de recessões passadas e somava mais de 12 milhões de desempregados. Tudo isso faz com que muitos especialistas acreditem que os efeitos da atual crise economia serão piores no Brasil do que para diversos outros países, que, ao contrário de nós, tinham “gordura para queimar”.
É verdade que a situação é um tanto quanto desfavorável, mas, às vezes existam alguns pensamentos que possamos remodelar e medidas que consigamos tomar individualmente, que podem vir a contribuir na solução de tais problemas no futuro, pois, como diria Edmund Burke “Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um pouco.” Quem sabe, o primeiro passo para tanto não seria aceitarmos a ideia de que o Poder público não seja o único capaz de gerar oportunidades de emprego em nossa cidade? Digo isso pois, muitos não conseguem vislumbrar outra forma da administração pública municipal gerar empregos em massa senão a de tornar a prefeitura um verdadeiro cabide de empregos eleitoreiros.
Provavelmente, tal medida, apesar de ainda ser adotada por muitas prefeituras Brasil a fora, não seja a mais adequada, tendo em vista que muitos economistas e eleitores as enxergam como uma medida negativa, pois, em contrapartida à criação de alguns empregos a curto prazo, desencadeia o seguinte efeito dominó: o aumento desnecessário do número de cargos da prefeitura, faz com que os gastos da mesma cresçam proporcionalmente a quantidade de empregos que foram criados; esta alta exponencial dos gastos públicos culmina com a necessidade de se aumentar o valor dos impostos municipais (ITBI, ISS e IPTU); o exacerbado aumento dos impostos, por sua vez, acaba tornando inviável que empresas do setor privado se estabeleçam na municipalidade, o que diminuí a quantidade de empregos para uma população que, não bastasse o desemprego, ainda fica sobrecarregada pelos altos valores dos impostos que lhe são cobrados para manter o elevado número de empregos públicos. Em suma, aumentar a folha salarial da prefeitura com o único fim de criar o número de vagas de empregos na cidade seria um verdadeiro tiro no pé da população.
Diante da inviabilidade do poder público criar mais empregos diretos na cidade, não resta outra esperança senão a do setor privado suprir a demanda da população. Contudo, para que, qualquer cidade que seja, consiga atrair para si o interesse da iniciativa privada ao ponto de fazer com que empresas venham a se estabelecer dentro dos seus limites, a mesma deve apresentar algumas características interessantes às empresas, como por exemplo: uma infraestrutura para manter as necessidades básicas do negócio que facilite a distribuição dos produtos; uma carga tributária que não seja onerosa ao ponto de inviabilizar os lucros; a localização, sendo muito importante a proximidade com os grandes centros; etc.
Enfim, existem outras milhares de características que corroboram para que uma determinada região seja considerada um reduto de oportunidades. Podendo ser, a de possuir um bom número de mão-de-obra qualificada, a única que dependa exclusivamente dos habitantes daquela. Supostamente, está aí. Justamente nessa característica buscada pela iniciativa privada, a oportunidade que nós, cidadãos caxambuenses, tenhamos de colaborar para com o desenvolvimento de nossa cidade e região. Talvez, aumentar o índice de profissionais qualificados residentes por aqui faça com que os empresários tenham mais uma justificativa para investir em Caxambu.
É verdade, tais argumentos acima retratados não passam de divagações teóricas de um ser humano e, na maioria das vezes, buscar aprimorar-se profissionalmente é demasiadamente custoso, seja psicológica ou monetariamente. Mas convenhamos, na pior das hipóteses estaríamos investindo em nós mesmos, nos preparando para enfrentar a crise que virá. Portanto, por que não aproveitar este momento de isolamento social para o aprimoramento individual? Afinal, como diria Nicolau Maquiavel “Não há nada mais certo que nossos próprios erros. Vale mais fazer e arrepender, que não fazer e arrepender.”
Matheus Alcântara – Bacharel em Direito