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Predador: Assassino de Assassinos encontra na ação a receita do sucesso

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São quase 40 anos desde que Arnold Schwarzenegger enfrentou pela primeira vez o Predador nas selvas da Guatemala. Nesse meio tempo tivemos: uma continuação ruim com Danny Glover, dois pastiches de Alien vs Predador e duas tentativas de retomar a franquia sob o comando de Nimród Antal e Shane Black. Nenhuma chegou perto do original.

Até que, em 2022, Dan Trachtenberg, diretor do ótimo Rua Cloverfield 10, surpreendeu fãs e espectadores casuais com a história de Naru, uma jovem Comanche que, em 1716, tenta se provar uma guerreira e acaba ficando cara a cara com o caçador alienígena. Três anos depois, Trachtenberg está de volta com Predador: Assassino de Assassinos, longa animado que repete a fórmula de A Caçada e dá um passo a mais no desenvolvimento da franquia.

Em Assassino de Assassinos, visitamos três momentos, e lugares, distintos da humanidade. Nesses cenários, conheceremos guerreiros que enfrentarão Predadores com habilidades, design e armas específicas para cada uma de suas “missões”. Ursa (Lindsay LaVanchy) é uma viking em busca de vingança e que precisa proteger o filho. Kenji e Kiyoshi (ambos Louis Ozawa), um shinobi e um samurai, estão lutando pela honra no Japão feudal e Torres (Rick Gonzalez) é um jovem piloto de caça na Segunda Guerra.

O elemento que rege o filme de Trachtenberg e do co-diretor Joshua Wassung é a ação. A escolha por um filme animado dá liberdade para que grandes sequências sejam criadas em ambas as histórias. As dogfights, como são chamadas as lutas de aviões na guerra, são fantásticas. Elas grandes momentos de perseguições no ar e nos mostram as habilidades e armas mortais dos Predadores nunca antes vistas, agora através do uso de veículos. O mesmo vale para o primeiro segmento, com as lutas no gelo entre Ursa e um Predador que fez amor com o suco e tem um canhão acoplado no braço. O roteiro brinca com a cultura nórdica e a personagem passa a chamar o Predador de Grendel, o monstro do épico Beowulf. O trabalho artístico também brilha. Há um momento em que a tela se divide entre a superfície e um lago congelado que é de ficar babando pela animação.

Mas claro, aquele que tem tudo para ficar no coração dos fãs é o segmento “A Espada.” Claramente inspirado pela obra de Akira Kurosawa, mostrando dois amigos/irmãos que passam a ser rivais, mas que precisam se unir quando a criatura forasteira aparece. O uso das cores e movimentos dos personagens, as câmeras lentas, a variedade de armas, golpes, tudo cria algumas das melhores sequências de ação envolvendo um Predador até então. Trachtenberg já havia trabalhado as cores, com atenção especial para o uso do verde do sangue da criatura em A Caçada, e aqui volta a isso, misturando-o com o azul do gelo e as cores do outono no Japão. É um trabalho visual fantástico, que mostra que o diretor entende tanto do caçador quanto das referências que traz para a tela, sejam elas de Top GunGod of WarSete Samurai ou John Carter/Flash Gordon.

Para aqueles que esperam uma trama profunda, Assassino de Assassinos não é o ideal. Todas as três histórias são simples e diretas, mas simplicidade não é necessariamente um problema, até porque Trachtenberg dá um passo além na mitologia de Predador logo no início do filme. Primeiro, ele abre a história com uma referência ao Código de Honra dos Yautja – a raça dos Predadores. “Vá para as estrelas e procure apenas as presas mais fortes. Elas serão o seu troféu”, diz a citação. Este é o fio que liga as histórias contadas até aqui por Trachtenberg e pode ser uma dica para o que o diretor ainda tem a contar sobre Predador em seu novo filme, Terras Selvagens, que sai em novembro.

Divertido, empolgante e com uma escala de ação para deixar qualquer fã do gênero na ponta do sofá, Predador: Assassino de Assassinos prova o quão divertido o personagem criado por Jim e John Thomas, na já longínqua década de 1980, ainda pode ser. O que Dan Trachtenberg entende bem – mais do que qualquer um que veio depois do filme original – é que precisamos nos importar também com a parte humana da história. É nela que estão elementos que queremos que sobrevivam ao final e que nos surpreendem quando a força brutal do Predador arranca uma cabeça, um braço, uma perna ou tudo junto de uma só vez. Nisso, A Caçada e Assassino de Assassinos acertam em cheio. Que venha Predador: Terras Selvagens!

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