A coluna de hoje é com: Maria do Carmo Figueiredo Paiva, nascida em Caxambu,Minas Gerais. Formada em Letras com Francês pela Faculdade de Filisofia Ciências e Letras de Itajubá, especialista em Alfabetização pela UFRJ, em Produção Textual e Literatura Infanto Juvenil pela UFF . Co- fundadora da Academia Caxambuense de Letras, co-autora de Descobrindo o Sabor do Texto( 8 vol) e da Proposta Curricular de Língua Portuguesa do Município do Rio de Janeiro. Pertence ao Grupo Prosa e Verso de Itanhandu.
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ROSA
“A valsa “Rosa” tem uma história interessante.
Pixinguinha fizera-lhe a melodia havia muito tempo, mas todos achavam que era preciso uma letra.
Nunca, porém, ninguém se interessou.
Havia, em Engenho de Dentro, um mecânico de automóveis chamado Otávio de Souza, um poeta bissexto.
Ele então fez a letra, uma improvável obra-prima para os amigos.
Um dia, nas quebradas, ele encontrou o velho Pixinga, e dele se aproximou, tangido pela inibição própria de um mecânico de subúrbio.
Pixinguinha era a fina flor da educação, sempre pra lá de elegante, e dignou-se a recebê-lo.
Ele então recitou a letra de “Rosa”, o mais belo poema parnasiano da MPB, e Pizindin (era assim que a vovó o chamava) encantou-se com versos tão belos.
Ali estava Otávio de Souza, seu mais novo parceiro e a música, depois de gravada, ganhou as ondas do rádio na interpretação magistral de Orlando Silva, o maior cantor que este país já teve.
Música difícil de interpretar, até por causa do fraseado poético, parnasianismo puro.
Recebeu, contudo, muitas gravações.
De todo modo, os louros e loas que se fazem a “Rosa” vão quase sempre para Pixinguinha, que, é claro, os merece.
Poucos, ou quase ninguém, lembra-se do mecânico de Engenho de Dentro, autor de uma música que, conquanto presa aos limites da sua unidade, equivale a todo um cancioneiro musical.
Uma obra-prima maravilhosa. Se
Um dia ainda há de se fazer justiça a Otávio de Souza.”
Academia Caxambuense de Letras
julho de 2021.